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SOBRE O EVENTO

sexta-feira, 31 de março de 2023

Justiça para Pinar Selek


Em 31 de março, um julgamento será iniciado em Istambul a pedido da Suprema Corte da Turquia. Será uma acusação contra a liberdade de expressão, a inteligência crítica e a democracia. Este julgamento será o mais recente de uma longa série de tentativas que vem acontecendo há vinte e cinco anos, por iniciativa do governo turco, e das quais a socióloga Pinar Selek é o alvo. Do que o governo turco culpa Pinar Selek? De tudo. O que ela fez? Ela não fez nada. Nada repreensível, nada ilegal, nada escandaloso. No entanto: este nada é demais, é perturbador. É um nada que fala de assuntos inquietantes, cuja simples menção equivale à blasfêmia para as autoridades.

Em uma democracia, este nada seria chamado de liberdade de consciência ou liberdade de pesquisa, ou mesmo, liberdade em absoluto. Na Turquia, ela se expôs à vingança cruel de um governo para quem essas liberdades não são nada além de desordem e balbúrdia. Pinar está sendo reprimida, perseguida e ameaçada, assim como as pessoas que têm a audácia de reclamá-las, publicamente ou não. Pinar Selek tem tido uma dolorosa experiência disto.

No final dos anos 90, ela foi estudante na Universidade de Istambul, onde trabalhou, em sua pesquisa, com os diferentes contextos sociais de “minorias” na Turquia (pessoas em situação de rua, comunidade LGBTQIAP+, curdos, mulheres) lutando, assim, por justiça social na Turquia. Isto desagradou o governo, ela foi presa em julho de 1998 e recebeu ordem para entregar os nomes dos ativistas curdos entrevistados em suas pesquisas. Sua recusa lhe rendeu o encarceramento e a tortura por mais de dois anos. Nesse meio tempo, um botijão de gás explode no mercado de especiarias em Istambul. O governo, imediatamente, toma este incidente, nomeia de "ataque" e promove Pinar Selek à famigerada posição de terrorista.

Desde então, Pinar Selek já foi julgada quatro vezes sob estas acusações: em 2006, 2008, 2011 e, finalmente, em 2014. Em cada ocasião, o sistema de justiça turco, não conhecido por sua clemência, absolveu-a. Pinar Selek? Inocente, uma vez. Inocente, duas vezes. Inocente, três vezes e, pela última vez, em 19 de dezembro 2014: inocente. Quatro veredictos de inocência! Isso seria suficiente para qualquer uma, em qualquer lugar. A Suprema Corte Turca, no entanto, não pretende deixá-la assim. Em 21 de junho de 2022, anulou a última absolvição da Pinar Selek. Isto não poderia ser nada mais do que um absurdo, não fosse o fato de que, como resultado, ela está

agora sob uma sentença de prisão perpétua e um mandado de prisão internacional emitido contra ela. Chegou a hora de pôr um fim a esta abordagem repressiva; os países de regime democrático devem se manifestar, e a França, o país adotado por Pinar Selek, deverá colocar todo o seu peso na defesa dos princípios que esta nação defende. Um provérbio turco diz: "Mil amigos não são muitos; um inimigo é". O Brasil, o primeiro país fora da Europa a apoiar Pinar Selek, tem uma aliada forte que é a pesquisadora, gestora, docente e artista da dança Gilsamara Moura (SP/BA).

Desde 2019 trabalhando com Pinar, tem coordenado inúmeras ações como: projeto de pesquisa (CNPq/UFBA); criações artísticas (Insolente); vídeodanças (Aweté Katu/ Insolência Pós-Abissal); publicações de artigos; participação em congressos (Brasil e México); em festivais (FIDA e Créar en Libertad); e em missões humanitárias e artevismos (Peru, França, Paraguai, Venezuela, Itália).

O coletivo que apoia Pinar no Brasil tem pessoas participantes ligadas ao Grupo de Pesquisa “Ágora: modos de ser em Dança” (UFBA), ao Grupo Gestus (Brasil), ao Créar en Libertad (a artista e docente Alejandra Díaz - Paraguai), ao Festival Internacional de Dança de Araraquara - FIDA (Araraquara/SP) e, também, indígenas, militantes e artevistas da América do Sul e da Europa.

Apoie e compartilhe.

Solidariedade à Pinar Selek.

@insolente_projeto

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