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O Homem que odiava

a segunda-feira

SOBRE A OBRA

A bailarina e coreógrafa Gilsamara Moura, Hoje (2002) presidente da Fundart (Fundação de Arte e Cultura do Municipio de Araraquara), tem projetado a dança nacional e internacionalmente através de suas performances. Unidos numa proposta de valorização da cultura nacional, os três artistas objetivam retratar aspectos do Brasil através da obra O Homem que Odiava Segunda-feira, cujas imagens estão submersas na universalidade do ser.

Tal Projeto busca revelar também a interdisciplinaridade existente entre a Música, a Dança e a Literatura que, juntas, fazem desse espetáculo algo ímpar realizado até hoje dentro do Grupo Gestus.

O Homem que Odiava a Segunda-feira é um projeto elaborado para a produção de um espetáculo de dança contemporâneo, inspirado na obra literária homônima do escritor Ignácio de Loyola Brandão.

Considerando a importância de valorizar e divulgar a arte brasileira, o projeto une artistas que tem em comum o fato de terem nascido em Araraquara.

Ignácio de Loyola Brandão, renomado escritor que hoje reside em São Paulo, retrata em suas obras os vários momentos de sua infância e adolescência em Araraquara. Paulo Martelli, músico-virtuose reconhecido pela crítica especializada como um dos melhores violonistas devido ao seu desempenho performático e acadêmico, que mesmo morando em Nova Iorque, faz de Araraquara o local de suas apresentações.

"Nas segundas-feiras, eu tenho uma fantasia: dobrar uma esquina errada, pegar uma rua errada, continuar por avenidas erradas e nunca chegar a lugar nenhum. Depois, eu ligaria para dizer que um jacaré me ameaçou no vale do anhangabaú, que uma horda de corintianos me perseguiu. Qualquer coisa crível, menos um pneu furado ou uma avó morta, que ninguém acreditaria.

Uma desculpa lógica. Como uma mão caída na caixa de correio ou o súbito desaparecimento da minha própria sombra. Assim, todos compreenderiam que eu só não fora trabalhar porque alguma coisa realmente de força maior me impediu.

Segunda-feira. Se for um feriado, a terça faz o mesmo papel. E pode ser a sexta, a quarta. Não se pode ser feliz as segundas-feiras.

E, segundo Loyola, não se pode ser feliz nunca. A segunda-feira é só um pretexto. Enfim, se algum dia formos felizes, seremos só seis dias felizes. Depois cinco, quatro, três, dois. Até não sobrar espaço algum para a felicidade.

Porque a segunda-feira, afinal, caia ela na segunda ou em outro dia qualquer, sempre nos lembrará obrigações, testamentos, promessas não cumpridas, compromissos que não queremos ter. E nossas mãos cairão, e nossas culpas nos farão muito menores do que nossos espelhos nos acusam todos os dias. E, mergulhamos em abismos de dor e desilusão, viveremos de lembranças e frustações, mas rindo amargamente da própria condição humana.

Pegue uma rua errada. E tente explicar porque a segunda-feira é apenas um dia em que nunca deveríamos ter existido. E quando a segunda-feira for extinta, outros dias farão o papel desse dia nefasto. Assim, concluiremos que simplesmente não deveríamos existir em nenhum dia da semana, única maneira de evitar o rdículo das tragédias cotidianas.

Loyola é um pessimista?

Mas deliciosamente bem-humorado. A ponto de tornar a segunda-feira um dia útil, agradável e, sobretudo, surpreendente e cheio de possibilidades."

ZEZÉ BRANDÃO

ANO DE CRIAÇÃO

2002

FICHA TÉCNICA

Obra literária: Ignácio de Loyola Brandão

Direção e Concepção: Gilsamara Moura

Música (composição e execução): Paulo Martelli

Assistente de Direção: Kranya Díaz Serrano

Coreografia: Grupo Gestus

Figurino e Cenografia: Jorge Okada

Confecção de Figurinos: Neuza Cruz

Iluminação: Marcos dos Anjos

Som: Valter Galhardi Jr. (Ninho)

Citação Musical: "Que será será" - Doris Day

Vídeo: Sandra Mascarenhas

Projeto Gráfico: Jorge Okada

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